Meio por aí encontrei o Max... |
Encontramos entre Bolsón e Epuyen. Ele já estava pedalando há uns cinco meses, tinha ido até Ushuaia e estava voltando. Um cara extremamente gente boa, tanto que lhe indiquei que fosse ao Valle Pintado conhecer a galera. Ontem falando com um amigo, fui contar a ele que iria fazer um segundo retiro de meditação Vipassana perto de Santiago, e ele me disse:
-
O Max passou por aqui e contou pra gente. E eu pensei, quem caralho é o Max?!!!
Já tinha esquecido total o nome do figura, mas conversando mais lembrei, e
fiquei feliz por ele ter ido pra lá...
Amerika en Kombi!!! |
Nessas paragens estava o Sebastian |
Aí,
passando Trevelin trombei um belga chamado Sebastian. Eu estava todo estropiado
porque resolvi apanhar umas maçãs em uma arvore toda rodeada de espinhos.
Ofereci uma a ele e começamos a charlar. Ele também tinha baixado de bicle de
Buenos Aires a Ushuaia, lá ficou por dois meses, e agora vinha subindo. Falamos
sobre altas paradas até que nossa conversa foi pra um lado assim, Sebastian
disse:
-
Difícil que alguém nos queira fazer mal, nos roube ou algo assim. Acho que as
pessoas de maneira geral empatizam com o ciclista viajante de maneira simples.
Talvez pelo esforço, pelo desapego ou pela coragem... Aí eu fui brasileiro:
-
Ou talvez por pensar, nossa, esse tá tão fodido que não vou roubar o cara!!!
Carma ruim ferrar alguém que já tá sofrendo tanto! Rimos bastante e nos
despedimos alegres e pedalantes.
Logo
depois encontrei o Ike, homem norte americano de menos palavras e segundo si
mesmo, de aptidões mecânicas. Também vinha pedalando de Ushuaia (Parece que só
tem eu na contra-mão!). Não falamos muito, mas suficiente pra cutucar uma coisa
que me disseram recentemente. Que nos Estados Unidos, dependendo da época, se
pode comprar um bom motor home com 2.000 dólares. Puta trip rodar a
gringolândia assim!!! Tenho que lembrar que ele avisou pra ficar longe dos
Chevrolets Diesel.
Rio Grande, onde conheci o François |
Mais
recente foi o François e de maneira bastante inusitada. Quando cheguei a 2 km
da fronteira com o Chile cruzei um rio espetacular, o Rio Grande. Havia um
camping ao lado que já estava desativado devido à época. Decidi dormir debaixo
de uma grande varanda para não ter de armar a barraca. Tomei umas cuias de mate
e ao cair da noite comecei a cozinhar. Um dos motivos de haver parado ali foi porque
me contaram que certos produtos como laticínios, legumes e frutas frescas não
podem passar pela fronteira. Nisso apareceu o cara, um francês que já levava 10
meses viajando por todo lado de mochila e carona. Havia comprado uma dessas
passagens de volta ao mundo e falava de lugares incríveis e incomuns. Ele me
prometeu os contatos de uma tribo na Nova Caledônia que me pareceu muito
interessante. Fizemos um guizado à noite e panquecas de banana pela manhã pra
queimar meu estoque de comida ilegal, e fomos nós um pra cada lado.
Apesar
de sua efemeridade, esses breves contatos com essa gente do mundo ajudam muito,
ainda mais quando o frio aumenta e as chances de estar em companhia de
habitantes locais diminuem bastante. Obrigado amigos da estrada por estes
sorrisos, abraços e estórias. Bons ventos os levem, preferencialmente pelas
costas, pois os de frente são barra!
Cara, que viagem hein!!^^
ResponderExcluirTudo de bom nesta jornada!!!
Fortíssimo abraço!
PC
gostoso de ler este texto, bonitas essas fotos, legal esse povo...
ResponderExcluirbuen camiño!