segunda-feira, 7 de maio de 2012

Encontros pela estrada


Meio por aí encontrei o Max...
Não foram tantos por hora, nem muito longos e tampouco fiz ideia  fotografá-los. E ainda assim deixaram-me uns algos que creio valer a prosa. Primeiro foi o Max, dos Estados Unidos.


Encontramos entre Bolsón e Epuyen. Ele já estava pedalando há uns cinco meses, tinha ido até Ushuaia e estava voltando. Um cara extremamente gente boa, tanto que lhe indiquei que fosse ao Valle Pintado conhecer a galera. Ontem falando com um amigo, fui contar a ele que iria fazer um segundo retiro de meditação Vipassana perto de Santiago, e ele me disse:
- O Max passou por aqui e contou pra gente. E eu pensei, quem caralho é o Max?!!! Já tinha esquecido total o nome do figura, mas conversando mais lembrei, e fiquei feliz por ele ter ido pra lá...

Amerika en Kombi!!!
Depois foi um casal muito bacana, Martin e Martina. Saindo do parque dos Alerces vidiei uma Kombi vermelha parada na beira de um lago. Quem me conhece sabe da minha queda/paixão por este veículo, ainda que esta fosse das um pouco mais novas, pois meu lance mesmo é com as de 76 pra trás! Logicamente baixei ver qual era. E não é que os figuras estavam voltando de 3 anos de viagem por toda américa latina?!!! Conversamos bastante, jantamos juntos (dentro da Kombi!!!), acampei ao lado e recebi toques sobre países por onde pretendo passar. Eles inclusive estiveram na vilinha onde vive um dos meus maiores ídolos atuais chamado Walter Ferguson. Cantor de Calypso de 93 anos a quem me encantaria conhecer. Disseram-me que me apressasse, pois o vozinho tá meio baleado... ( Quem quiser dar uma olhada o blog deles é http://amerikaenkombi.blogspot.com/ )

Nessas paragens estava o Sebastian
Aí, passando Trevelin trombei um belga chamado Sebastian. Eu estava todo estropiado porque resolvi apanhar umas maçãs em uma arvore toda rodeada de espinhos. Ofereci uma a ele e começamos a charlar. Ele também tinha baixado de bicle de Buenos Aires a Ushuaia, lá ficou por dois meses, e agora vinha subindo. Falamos sobre altas paradas até que nossa conversa foi pra um lado assim, Sebastian disse:

- Difícil que alguém nos queira fazer mal, nos roube ou algo assim. Acho que as pessoas de maneira geral empatizam com o ciclista viajante de maneira simples. Talvez pelo esforço, pelo desapego ou pela coragem... Aí eu fui brasileiro:

- Ou talvez por pensar, nossa, esse tá tão fodido que não vou roubar o cara!!! Carma ruim ferrar alguém que já tá sofrendo tanto! Rimos bastante e nos despedimos alegres e pedalantes.

Logo depois encontrei o Ike, homem norte americano de menos palavras e segundo si mesmo, de aptidões mecânicas. Também vinha pedalando de Ushuaia (Parece que só tem eu na contra-mão!). Não falamos muito, mas suficiente pra cutucar uma coisa que me disseram recentemente. Que nos Estados Unidos, dependendo da época, se pode comprar um bom motor home com 2.000 dólares. Puta trip rodar a gringolândia assim!!! Tenho que lembrar que ele avisou pra ficar longe dos Chevrolets Diesel.

Rio Grande, onde conheci o François

Mais recente foi o François e de maneira bastante inusitada. Quando cheguei a 2 km da fronteira com o Chile cruzei um rio espetacular, o Rio Grande. Havia um camping ao lado que já estava desativado devido à época. Decidi dormir debaixo de uma grande varanda para não ter de armar a barraca. Tomei umas cuias de mate e ao cair da noite comecei a cozinhar. Um dos motivos de haver parado ali foi porque me contaram que certos produtos como laticínios, legumes e frutas frescas não podem passar pela fronteira. Nisso apareceu o cara, um francês que já levava 10 meses viajando por todo lado de mochila e carona. Havia comprado uma dessas passagens de volta ao mundo e falava de lugares incríveis e incomuns. Ele me prometeu os contatos de uma tribo na Nova Caledônia que me pareceu muito interessante. Fizemos um guizado à noite e panquecas de banana pela manhã pra queimar meu estoque de comida ilegal, e fomos nós um pra cada lado.

Apesar de sua efemeridade, esses breves contatos com essa gente do mundo ajudam muito, ainda mais quando o frio aumenta e as chances de estar em companhia de habitantes locais diminuem bastante. Obrigado amigos da estrada por estes sorrisos, abraços e estórias. Bons ventos os levem, preferencialmente pelas costas, pois os de frente são barra!

2 comentários:

  1. Cara, que viagem hein!!^^

    Tudo de bom nesta jornada!!!

    Fortíssimo abraço!

    PC

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  2. gostoso de ler este texto, bonitas essas fotos, legal esse povo...
    buen camiño!

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