quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Hoje é Ariri... (aqui percebi minha primeira grande besteira em minha breve carreira de cineasta amador)

Igrejinha de Ariri
 Ariri é um bairro interessante de Cananéia, distante 3hs por transporte fluvial. Não esperava que esta mínima povoação contasse com uma "lan-house". A inauguração desta ocorreu semana passada. Sorte... Pois daqui vou a Superagui e depois para a Ilha das Peças, cada vez mais isoladas.
     Completei meu primeiro quarto de milheiro de kms!!! Soa bem, mas são só 250. Confesso que os últimos 80 deixaram marcas. Pedalar praias é lindo, mas a areia meio mole é uma dureza!!!

Um quarto de milheiro
     Já no barco vindo de Cananéia travei conhecência com figura ímpar. Conhecido como Velho Ballan, este senhor cheio de estórias do além ofereceu-me de bom grado sua hospitalidade no rancho da pingaiada. Por hora consegui esquivar-me do motivo pelo qual tal rancho é nomeado! Hoje conversaremos sobre o vilarejo fantasma na ilha ao lado, aliás, devo lembrar-me de olhar sua foto às 12 badaladas, pois garantidamente neste horário a igreja do povoado desaparecerá do retrato.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Sabotagem...

Navegar, nem sempre é preciso...
Agradável esse ambiente cortado por rios onde venho pedalando há alguns dias desde a Juréia. Continua cinza, mas isso combina com dentro. Não cinza triste, mas algo parecido com sentimento de transição. Apesar de bonito esse trecho de Iguape, Ilha Comprida e Cananéia, é como se a viagem ainda não houvesse realmente começado. Por hora, alguém dentro insiste em sabotar! Joelhos doendo um pouco, sinais de sinuzite e a garganta arranhando. Necessidade de se conquistar através de um dia à dia focado no presente,  o  direito de vivê-lo. (27/09/10)

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Ontem foi assim... (aka - a mais concentrada aventura da minha vida, talvez!!!)

A primeira subida...
Foi cedo o despertar, não muito. Saí do chalé onde dormira com a esperança de embarcar-me até a Juréia, pulando assim alguns montes, pois meu joelho reclamara. Logo soube impossível, e pus-me a subir o morro. Este quase me mata, mas foi-se. Parei por um tempo na sede da Estação Ecológica da Juréia para as necessárias autorizações. O diretor do parque, Roberto, sujeito de muito boa índole ajudou-me  como pôde. Segui viagem, e logo veio a estrada de terra com bons trechos de lama. O caso é que eu nada sabia então, Sobre os 120 Kg que somos, eu, as malas e Clotilde. Assim penso chamar minha bicle (acho bike muito importado, direi bicle, mas aceito pitacos a respeito do nome Clotilde).

Todos esses quilos logo fizeram quebrar meu bagageiro chinês dianteiro (não pude encontrá-lo de outras nacionalidades!), freando minha bicle bruscamente. Ali aprendi minha lição número um a respeito de pedais que se prendem aos pés: São extremamente contra indicados em casos de lama e terrenos acidentados. Parada a bicle, eu com os pés presos caí um tombo deveras ridículo e nem portanto pouco doloroso. Estava em maus lençóis, não fosse um gentil jovem que vivia por ali arrumar-me um parafuso para repor o roto. Assim fomos, até que a garoa fininha nos visse diante de uma enorme e íngreme subida cascalhada. E assim sofri...

Gambiarras.
Passou de carro então o Enoque, rapaz sorridente que me levaria de barco até o povoado do Prelado. Não saiu de graça a brincadeira, mas desta vez era imperativo o subterfúgio naval pois os morros à frente eram intransponíveis dadas nossas condições físicas, logísticas e morais. Íamos de saída pelo mar quando um alegre e aprazível senhor nos veio com uma idéia bastante lógica. Caso seguíssemos pela intricada malha fluvial da Juréia, chegaríamos a nosso destino em tempo semelhante, mas sem o oneroso inconveniente de enfrentar os domínios de Posseidom em uma mínima lancha. E depois era só pegar uma trilha de fácil acesso e lá estaria o povoado.

O passeio de barco pelos canais da Estação foi delicioso. Lindo era o lugar que me reservava surpresas inimagináveis. Entramos em alguns braços de rio errôneos, mas finalmente acertamos. Agora era só uma questão de ficar de cuecas e atravessar um pântano com as malas nas costas e lama até o joelho. Do outro lado despedi-me de Enoque e apressei-me em montar as bagagens na bicle, pois os raios solares já se faziam escassos. Foi quando percebi que o bagageiro traseiro (talvez até proveniente da mesma região que o dianteiro) também estava quebrado. O tempo de fazer uma gambiarra foi suficiente para afugentar o restante da luz. Viva as lanternas chinesas!!!

Canais da Juréia.
A trilha começou bem, mas assim que o escuro se fez completo começaram os pontos de barro e pequenos riachos lamacentos que me obrigavam a molhar os pés e fazer força para empurrar a bicle. Torcia para que não houvesse muitos mais destes pontos, mas parece que meus votos em nada influenciavam o caminho, pois logo vieram poços de lama de se enterrar até os joelhos com galhos, cipós, arvores caídas, enfim... Foram tombos e quedas de todos os jeitos e hoje vos escrevo bastante dolorido!!! Mas, aquilo havia de acabar era meu pensamento, foi quando caiu-me o parafuso do bagageiro dianteiro, aquele de logo acima no texto. Me consolava o fato de não ter caído novamente devido à lição anteriormente aprendida a respeito de pedais que se prendem aos pés. E que Deus abençoe o momento em que Beto Araújo de Matramba e Silva retirou-me da ignorância a respeito das fitas Hellerman. Por mais uma vez, seus colossais poderes gambiarrísticos me haviam salvado!!! No total, aquela inocente trilha de que me havia falado aquele agradável senhor impedindo-me de desembarcar por mar diretamente no povoado, resultou em duas horas de lama e hematomas no breu de uma noite que ainda havia de ver uma linda lua. Cuidado com os agradáveis senhores eu vos digo!

Grande Reginaldo!
O fato é que cheguei. Alquebrado e lamacento, parei em uma casa para me informar à respeito de como chegar ao mar para acampar-me. A amigável pessoa que me atendeu demonstrou-se mui hospitaleira, cedendo-me uma parcela de seu gramado, um chuveiro quente, comida e uma boa dose de calor humano junto à seus colegas e familiares. Dormi cedo e acordei cansado, mas mais pronto que nunca para continuar...

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Cinzas no Início...

Eu e o Gangá!!!
Começando vou soar pessimista... Nada foi como o imaginado, bem por isso falei que não gosto de planos, só servem pra não dar certo!!! Era bem cedo pra descer a estrada velha de Santos. Nablina, muita neblina... Variava com garoa. Nem por isso desmereço os companheiros presentes. O bom e velho Vinícios Vasconcelos, vulgo Gangá, teve a manha de madrugar no domingo 19 para levar-me ao início. Lá fiz encontro com o Matramba Special Time composto por Beto Araújo, Renato Bastos, João Fonseca e Fabio Galhardo. Descemos juntos, não sem momentos hilários e não comentáveis por força ética, até a baixada Santista de onde o MST voltou rumo à SPlônia.

Com a turma da Matramba
Dei continuidade no dia seguinte, e por favor, deixem-me retornar ao tom soturno e negativista do início, pois em pouco mais de dois dias, peguei garoas, chuvas torrenciais, nuvens a perder de vista, me foi subtraído o aparelho telefônico, furou-me o pneu por três desagradáveis vezes, quebrou-me o bagageiro dianteiro provocando parada assaz abrusca que por pouco não me fez catapultar o esqueleto por metros consecutivos, fui posto a dormir nos aposentos de um indivíduo de temperamento desgovernado, enfim, era de se esperar que já estivesse preparando meu caminho de volta...

Uma carregada clotilde
Mas, nem sei se por teimosia, convicção ou simples tipo de lentidão mental, resigno-me a ter fé. Fé em dias melhores à frente, e outros quiçá piores também. Fé em que ao pesar tudo na balança do século, sempre há de ter valido à pena.


É como uma lembrança de que mesmo ao ser mais afeiçoado às cores vibrantes, o cinza também existe. E por esse apenas motivo, já é lindo, visto que é...

Com isto dito solto o brado glorioso que invoca e aceita a primavera, no mundo e na alma!!!