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Saída porto de Chaitén |
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Barco a Chiloé |
Do porto da cidade enviei mensagem a todos os
provedores de sofá inscritos na ilha de Chiloé e abriguei-me em um hostel. Para
minha surpresa, no dia seguinte já havia resposta positiva de uma certa
Angélica Alarcón a quem muito agradara este blogue. Larguei pedal a Pargua, de
onde zarpam naus para as terras insulares. Para minha desagradável surpresa, a
rota é muito mais empregada que poderia imaginar, e principalmente por ruidosos
veículos de grande porte.
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Eu e Reuben |
Acampei uma primeira noite atrás da igreja de
Cachao, seguindo o conselho de algumas divertidas vendedoras de empanada que
encontrei na estrada. Apareceu um ciclista tcheco/francês de quem me escapou o
nome (Reuben, lembrei!). Juntos cozinhamos e trocamos boas estórias de viagem, pois ele também
havia vindo por Futaleufú. Durante os dois dias seguintes pedalei os cento e
poucos km que me separavam de Castro.
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Igreja de tejuelas caminho a Castro |
Em um bloqueio na estrada, uma alegre condutora
interpelou-me do outro lado da via. Parei e nos pusemos a charlar. Ao saber
minha nacionalidade ela pode exercitar toda contente o gringuismo clássico:
“Brasiuu, eu fala portugueis!” E me disse que em Castro me hospedasse em um
Hostel chamado Sempre Verde, onde trabalhava sua amiga Pati. Consultei meus
e-mails na entrada da cidade e vi que para Angélica seria melhor que eu
chegasse domingo, assim fui ao dito albergue por dois dias.
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Lito |
O lugar era bem simples, mas muito agradável devido
a mui bonitas pinturas e rústicos artefatos decorativos por todos lados. Um
ambiente criativo. Fui recebido pela simpática Patrícia que em algo lembrava
minha mãe, algo meio bruxa gentil. Derreti na cama por quase 24hs, e domingo ao
levantar, Lito, o dono do lugar convidou-me a conhecer o mercado público da
cidade. Fiquei maravilhado com quantidades de coisas sobre as quais jamais
havia deitado olhos. Batatas azuis, algas e mariscos de muitas formas e cores,
frutas e legumes exóticos, ervas, queijos...
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Eu e Angélica |
Compramos e voltamos ao albergue cozinhar um
Curanto (Prato típico local onde tradicionalmente se cozinha porco defumado com
mariscos e legumes em um brasieiro enterrado, que em sua versão moderna sobe ao
fogão mas ganha um bom gole de vinho branco na cocção). Foi a coisa mais
deliciosa que comi em tempos! Feliz e agradecido despedi-me e mudei-me para a
casa de Angélica.
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Maricos e papas azuis! |
Ela me recebeu muito bem, conversamos bastante,
tomamos once (lanche da noite que substitui o jantar) e instalei-me em um
pequenino e aconchegante quartinho. O tempo mudou e vieram vários dias de
chuva, o que prolongou minha visita a Angélica. Mas não posso me queixar, pois
foram dias muito agradáveis onde conversamos muito, escrevi bastante, organizei
meu mundo virtual, usei Skype, enfim, vivi por 12 dias uma vidinha abrigada que
não posso dizer que não fazia falta com chuva e frio.
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Vista da casa de Angélica |
Saímos algumas vezes, cozinhamos, com menção
especial para um cozido de mariscos ao vinho branco (dejá vu?) acompanhado de
umas batatinhas azuis e umas outras daí que vou buscar o nome, mas que tem
forma de gengibre e gosto quase idêntico ao de alcachofras (simplesmente
deliciosas!). Também tivemos conversas bastante enriquecedoras que me
permitiram clarear muita coisa à respeito do que venho absorvendo com esta
viagem. Pó deixa que isso tudo vira texto em breve, já venho cutucando o miolo.
Nesse tempo, chegamos a desenvolver uma rotina
bastante amigável. Escrevo estas linhas cheio de uma profunda gratidão pela
qualidade amigável e hospitaleira de minha anfitriã. Fui-me sem tanto conhecer
das belezas naturais de Chiloé, parte por condições climáticas e parte pela
agradável sensação de estar abrigado que me fez ermitar um pouco. Mas parti com
o coração quentinho e o conjunto pança/palato contentíssimos. Obrigado
Angélica.