sábado, 15 de janeiro de 2011

Alguém tem algo aí pra eu narrar?

arrumação matinal
  Pra não variar, saia já beirando o meio dia. Sempre às voltas com seu arrumar metódico matinal das traquitanas sobre a bicle, Z tinha este desagradável costume de demorar-se ante à estrada. O leitor vai apressar-se em dizer: Que mal tem que o rapaz saia um pouco mais tarde. Explico-me: Que faz o narrador de uma épica jornada enquanto o protagonista dá mil voltas em cordinhas e lubrifica parafusos??? Tais acontecimentos são inenarráveis, à menos que não se tenha vergonha de expor-se ao ridículo diante do mundo de narradores que passam a vida a narrar fatos esfuziantes e inverossímeis!!! 
 
Mas finalmente saiu, rumo ao desconhecido, subindo lombas por muito graúdas e avistando as belíssimas praias e lagoas da fabulosa Ilha de Santa Catarina... Peraí, grita-me outro leitor: O cara ainda tá em Floripa?!!! Sim, queridos leitores, após 4 meses de jornada, o cara ainda tá em Floripa!!! Existe até uma foto do momento exato em que Z foi humilhantemente ultrapassado por uma lesma. Verdade seja dita, o molusco era imenso!!! (ele tem várias explicações para tamanha demora, eu particularmente, credito tudo à preguiça!) Bom, rumando sul desde o Rio Vermelho, 20 Km depois Z parava na lagoa Rodrigo de Freitas para encontrar amigos, compartilhar fotos e e proceder à arte de consertos mecânicos de bagageiros quebrados. Quando digo ser fastidioso narrá-lo, ainda há quem me xingue!!!

olhar inquisidor
Nuvens negras acotovelavam-se no horizonte enquanto o sol já se apressava em brilhar chineses, quando Z partia novamente rumo ao infinito horizonte. Margear a lagoa durante o onírico momento do lusco fusco despertava-lhe sentimentos misturados de pura alegria pela beleza do instante, e de tristeza por despedir-se de Florianópolis e de tantas coisas que ali vivera durante os três meses recentemente decorridos. O manto da noite cobria a ilha e o céu derramava copiosamente suas lágrimas quando nosso herói fez pausa em um boteco no campeche. Pediu ao garçom que lhe trouxesse uma cerveja e sentou-se resignado a esperar Thobias, pois dormiria em sua casa depois de encontrar Digão, parceiro deste de longas pedaladas. E assim terminava o dia inicial do segundo ciclo de indoàíndia, com míseros 28 km pedalados e pouquíssima coisa de real interesse para contar, motivo pelo qual tive de florear abusivamente a narrativa. Z acha que foi um dia bom, agradável e produtivo. eu, narrador escolado de epopéias, pergunto-me: Como assim?!!! E, com este pensamento em mente, apago a luz e sonho com a rotina de um burocrata kafkaniano...

Um comentário:

  1. Bom, esse dia épico, margeando a Lagoa da Conceição. Sim. Conceição hehehe. Dia de altas ondas, boas vibrações. Era passível de sentir ... as coisas estão no caminho certo, se devagar ou rápido, não importa, mas no cominho sim.
    Boa viagem meu querido. Foi muito importante sua passagem por aqui, e tenho certeza de que a lesma vencedora não experimentou as mesmas sensações da vida que vos cerca.
    Parabéns estamos contigo.

    Thobias

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