sábado, 2 de julho de 2011

De Buenos Aires a El Bolsón de qualquer forma!!! (parte 2)

Carona de caminhão
 Acordei pensando que seria prudente tentar uma carona, pois ainda haviam 420 km a percorrer em somente cinco dias. Pedalei uns 3 km e havia um caminhão parado no acostamento. Conversei com o motorista, pusemos a bicle na caçamba e fomos. Foi uma linda viagem cruzando paisagens desérticas impressionantes e depois acompanhamos o leito de um rio verde esmeralda deslumbrante. Chegamos a Bariloche e o caminhoneiro ofereceu-se para levar-me até El Bolson uma vez que descarregasse. Agradeci a oferta, mas disse que tinha vontade de pedalar os 70 km restantes.

E foi uma sabia decisão, pois as paisagens eram deslumbrantes. 
Vista do camping

Logicamente nas primeiras pedaladas o bagageiro traseiro rompeu-se mantendo a tradição! Mas algum tempo envolvido em traquitanas caímos na estrada. Logo no início já apareceu um lindo lago ao lado do qual fui baixando. Uma vez pedalando quase ao nível da água apareceu um camping. Pensei em ficar aí, mas os 40 pesos da diária pareceram-me  abusivos. Segui serpenteando a estrada e uns 20 km mais tarde havia outra placa de camping. Entrei no caminho de pedras,  longo e trepidante, torcendo para que a gambiarra no bagageiro aguentasse. Chegando lá, o preço era o mesmo do anterior. Mas caía a tarde e a paisagem era tão linda que decidi ficar. Atirei-me nas águas geladas do lago e depois fiz um fogo para aquecer-me e cozinhar. Conheci uma senhora francesa que também estava pedalando. Tomamos uma cerveja, conversamos e combinamos pedalar juntos no dia seguinte.


Meu cão por um dia
Ao amanhecer enquanto fotografava apareceu um cachorro muito bonito que mais parecia um leão, tamanha a juba que portava. Nos fizemos bons amigos e por toda a manhã era como se  fosse meu companheiro de há muito. Queria entrar até no banheiro comigo. Sem nenhuma pressa pus-me a desmontar o acampamento e organizar a bicle. Assustei-me ao ver a quantidade de bagagem que levava a francesa, magrinha e um pouco mais de idade que era. Ao partir, meu companheiro não podia ser dissuadido a ficar. Chegando à estrada percebemos que ele não tinha prática com a coisa, e quase se fez atropelar duas vezes. Tivemos que ralhar e atirar pedras em sua  direção para que ficasse. Foi uma triste senção de trair meu novo amigo. 

Ciclista francesa
Pedalando, a estrada é estreita, movimentada e com um péssimo acostamento. Assustei-me com a maneira da francesa que devido ao peso que carregava, creio eu, não podia manter uma linha reta enquanto subiamos lentamente. E ao invés de servir-se do acostamento, ainda que ruim, ralhava com os motoristas que passavam muito perto. O fato é que motoristas argentinos são tão educados quanto brasileiros em relação aos ciclistas. Para a maioria deles, simplismente não deveríamos estar ali. Saudades dos uruguaios nesta hora. Seguíamos pedalando, mas ainda que eu tentasse pedalar devagar minha amiga não acompanhava. nos despedimos então e segui meu caminho árduo, inclinado e quente pra cacete!!!

(termina em 4 dias)

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