domingo, 12 de junho de 2011

Um dia em Casa Pueblo e outros mais em Punta Ballena (parte 2)

(continuação do post anterior)

Esculturas de Carlos Paes Vilaró
Sabia que Vilaró era um tipo de traços fortes e obra marcante, mas meu conhecimento acerca de sua obra resumia-se a umas poucas imagens de quadros que vira em livros de arte. Para minha grande surpresa, a dita Casa Pueblo é uma enorme construção incrivelmente orgânica que compõe com a tradição de arquitetura livre que tanto me encanta de Gaudi e Hundertwasser. Algo de se deixar boquiaberto já por fora. Entrando encontrei um monte de pessoas queridas que já conhecia, e acabei por me afeiçoar a outros tantos... Por dentro a casa é uma maravilha. Como uma cidadela onde os nomes de ruelas são homenagens a tipos diversos como Pelé, Galeano e Picasso. A vista é para um mar azul, que somada ao branco intenso da construção me pareceu um portal para paisagens semelhantes às de ilhas gregas. Fiquei por horas alí, mais olhando e deixando a casa me invadir que buscando informações, num intento de mais sentir e menos pensar.

Logo uma moça muito linda pos-se a tocar "cuencos" que são aqueles recipientes asiáticos usualmente de metal que produzem sons vibratórios quando se impõe um contato circular contínuo com uma espécie de baqueta com ponta esférica emborrachada ou de madeira! Estes porém eram feitos de cristal fundido e soavam alto e limpidamente, somente um pouco mais graves que os de metal que conhecia, provavelmente devido ao tamanho. Foi como uma sinfonia de sons primordiais que me tocavam diretamente os centros energéticos sutis provocando um delicioso estado meditativo quase obrigatório!

Pedalando a Jaureguiberry
Mas, como de costume, senti que chegava o momento de partir e procedi então às despedidas. Na última delas, Lenka pediu-me que ficasse mais um dia, e assim foi que não lhe soube dizer não... A gurizada divertiu-se com minha volta algumas horas depois de partir. Um após o outro passavam os dias em que eu partiria supostamente no seguinte. E assim tivemos dias extremamente agradáveis onde pude conhecer um pouco melhor cada uma destas pessoas divertidas e deliciosas que ali estavam. Conheci as grutas, curtimos pores do sol maravilhosos sempre com o mate por perto, fizemos comidas, saltamos de rochas, rimos, escutamos e fizemos lindas músicas. Vi os lindos desenhos e pinturas de Lenka. E um dia fui. Tenho a certeza de que nesses poucos dias, em algum tipo de dimensão mesurada pela intensidade, passaram-se semanas, quiças meses...

Gurizes
Meus jovens amigos uruguaios
Pedalei contente até Jaureguiberry onde encontrei novamente os meninos. Provei pizza na churrasqueira, somente para dar uma noção de como uruguaios amam este método de cocção, e não estava nada mal! Santiago convidou-me gentilmente a ficar em sua casa em Montevidéu de onde escrevo agora. Miguel e Marcos me levaram a conhecer sua linda e agradável cidade. À noite fomos ao bar onde Santi faz pizzas, El Solitário Juan, onde a música é excelente, e hoje, uma vez mais atrasei a partida desta vez em nome de organizar-me. Amanhã pedalarei em busca de um recorde de quilômetros pessoal em um dia, agora que já bati meu recorde pessoal de quilometragem total em uma viagem, que era de mil seiscentos e algo, e agora já temos mais de 2000 rodados. Depois conto como foi...

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