quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A conquista do Cabo Polonio, um lugar fora do tempo... (parte 01)


Depois daqui, o cabo
Contando aqui o sucedido, tenho que especificar certas coisas. Este dito Cabo Polônio existe em termos geográficos sim. Mas ele não é só um lugar. É também um sentir, que existe em cada um. Como uma representação simultanea física e interna de liberdade, amor e paz. Conquistá-lo portanto, nada tem em comum com invadí-lo. É sim compreendê-lo, aceita-lo e consequentemente, vivê-lo em cada agora. Sem que soubesse, havia uma preparação para estar ali. Seguramente mais intensa nos últimos dias, mas certamente resultante de toda uma vida e talvez mais.
               
Lembro-me que alguém já me falara dali ainda no Brasil, mas não consigo atinar à quem. Pedalando pela estrada, conversando com as pessoas que encontrava, amando profundamente o que experiência o Uruguay, um tipo diferente de paz se encaixava cada vez mais em mim. Alguns também disseram que não valeria muito estar aí, porque o Cabo já não era mais o que fora devido à invasão turística. Só que saindo de La Esmeralda, um balneariozinho pequenino e muy simpático, um casal de argentinos foi veemente em relação ao lugar. Era para eles o melhor do país até agora. E, restava o fato de que neste lugar se acostavam lobos, leões e talvez até elefantes marinhos. Eu como só os conhecera por intermédio de livros, estava resignado a visitá-los ainda que me custasse esbarrar em milhões de veranistas.
               
A fila para a invasao
Ao cabo porém, não se pode aceder sem o auxílio de veículos 4X4, pois a estrada é uma grande linha de areia fofa. E, no lugar onde se concentram os veranistas para proceder à invasão (claro que isto é uma generalização, mas resta o fato de que se alguém adentra o Polônio sem um mínimo de preparação para compreende-lo, isso é um tipo de invasão desagradável inclusive para o invasor), havia esta imensa fila abaixo de um sol que não dava tréguas para que as pessoas se amontoassem em veículos gigantescos um após o outro. Nesse momento tive minhas dúvidas sobre se estava disposto a tanto para me apresentar aos mamíferos marinhos que aí estariam.
              
Beleto, meu salvador...
Foi quando um tipo saiu de um velho jipe que eu havia recém fotografado e veio em minha direção. Falou-me de um camping quatro quilômetros mais adiante e de como eu poderia dali caminhar até este destino. Nem pestanejei e pus-me a pedalar até o Km 259 da ruta 9. Entrei numa senda com algumas dúvidas, pois havia somente um pedaço de plástico indicando a entrada, mas nenhum cartaz. Lá dentro encontro o tipo, que se chamava Beleto, e mais um jovem, mas nenhuma barraca. 


Caminhando rumo ao cabo...
Confesso que fiquei um pouco inquieto, mas armei minha tenda e me coloquei em marcha, com planos de caminhar ida e volta no mesmo dia, ainda que chegasse à noite. Atravessei um longo pasto, passando por casas abandonadas e outras não, depois um lago e finalmente um deserto cheio de florzinhas lindas que saiam de plantas rasteiras. Finalmente encontrei-me ao mar, e ali percebi que nunca encontraria este caminho de volta às escuras, mas... Mirei à esquerda e vi ma cidadezinha com farol na ponta de um cabo. Ela estava realmente muito longe! No total, foram duas horas e quarenta de caminhada extremamente pacífica e meditativa onde vi somente uma família. 


(continua em 2 dias...)

2 comentários:

  1. coisa boa conhecer tais mundos...
    até daqui dois dias.

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  2. Charles, VJ, já foi 2x. Outros amigos em comum também. Fico feliz em saber que você apareceu por aí.
    abraço!!

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