terça-feira, 26 de julho de 2011

Meu inverno Patagônico

PARTE I

Michae, a menina da família
Demorei um pouco para retornar. Andei às voltas com toda uma situação complicada de família, esta sendo uma de cachorros que me adotaram durante este inverno . Por isso vou contar como vem sendo estes dias antes e depois do último solstício aqui no norte da Patagônia.

Depois do Bioconstruyendo passei mais um tempo na chácara onde o curso se deu e rumei para um outro projeto afim chamado Reko, isso tudo ao longo de uns três meses bastante intensos que conto em outro momento. Este post fica reservado ao frio.

brrr...
Ainda estava na Reko quando começou a esfriar de verdade. Digo isso porque mesmo chegando aqui no verão, houveram noites em que me caguei de frio na barraca. Lição: Nunca creia muito no que dizem sacos de dormir. Por experiência própria, percebi que a temperatura mínima descrita significa até onde vc permanece vivo. A minha dizia 0 C, ou seja, a 0 não se morre, mas a 5 graus vc passa frio pra cacete!!! Mas agora era diferente. Geadas fortes que se sobrepunham formando uma dura e escorregadia crosta sobre o solo. Os voluntários já haviam partido, e por sorte a fantástica família que ali reside me havia emprestado uma casinha de barro bastante bem isolada e fácil de esquentar com uma lareira de alto rendimento. Os dias passavam de forma agradável e relativamente preguiçosa, evitando saídas desnecessárias. Vez por outra havia que cortar árvores secas com a moto-serra e depois partir os tocos com machado, mas verdade seja dita, este tipo de atividade me agrada. Cortar lenha, fazer fogo, cozinhar no fogão a lenha, tenho isso meio no sangue.


Vizinhanças da chácara
Tudo branquinho.
Veio então o momento de baixar para a costa do Rio Azul para cuidar da chácara onde havia sido o Bioconstruyendo como combinado semanas antes com o Alex. O lugar é absolutamente maravilhoso, além de ter uma aura linda pelo uso dado a esta terra. Alex é um discípulo de Agricultura Biodinâmica e distribui alimentos saborosos, vivos, nutritivos e  livres de toxinas num esquema super bacana de agricultura suportada por famílias associadas que os recebem semanalmente. 

Me perguntava como seria um mês de inverno ali, sem energia elétrica, banheiro seco e fora da casa, o banho num esquema de fazer fogo abaixo de um tacho em um local também externo e depois a canecadas, e por aí vai...

Fadinhas na geada (clique na foto pra ver maior!)
Chegando conheci David, um californiano que havia voluntariado na chácara durante dois meses e com quem dividi as tarefas da chácara e agradáveis momentos durante duas semanas. Também haviam dois habitantes intermitentes, Nacho e seu pequenino Simón, um puta figurinha! Li muito, pois a biblioteca de Alex conta com uma porrada de livros interessantes e profundamente aptos a provocar revisões de paradigmas, principalmente no tocante à nossa relação com o que nos cerca e permeia. Tudo isso que insistimos teimosamente em chamar "natureza", como se não fôssemos parte integrante. Também cortei e costurei toda uma camisa à mão, atividade que consome um tempo incrível, mas que me dá prazer e satisfação.

O figurinha Simón!
Entre uma e outra atividade, David e eu trocávamos interessantes considerações com respeito a nossas intenções de nos acercar cada vez mais de um estilo de vida simples, rural em busca de uma maior conexão com a "natureza" ou seja, ultimamente consigo mesmo. Também ríamos bastante de nós mesmos com uma história que criamos sobre pertencermos a uma tribo nativa, mas nativa ao mundo, sem um lugar específico. Logicamente o fato de ser um "Nativo" ao mundo tem que te dar direitos especiais sobre outras pessoas, principalmente aos habitantes da horrenda Babilônia. Logicamente tudo isso não passa de falta do que fazer e vontade de divertir-se com pouco. Mas...

Continua em alguns dias!

2 comentários:

  1. Sinto frio só de ler...
    aguardo a continuação.
    bjs

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  2. Hola Hermando, como estas?

    Saudades cumpadi. Fico feliz de ouvir boas novas. Mas que P frio hein, ta ficando cada vez mais macho. Quem sabe vira homem...Não fique tanto tempo sem escrever.
    Abs

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