segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Uruguay, um jeito de ser... (Parte 02)


Eu e meu encanto com o país
Por onde parava ou passava ocorriam coisas semelhantes, em um número e grau absurdamente superiores aos que me passaram antes de deixar o Brasil. Entre acolhidas amáveis, sorrisos e pequenos presentes, pus-me a pensar onde erramos enquanto nação, pois creio que antes de tanta correria atrás de fazermo-nos mais ricos, e isso sobretudo no sul e no sudeste, já fomos mais hospitaleiros. Não é de hoje que tenho minhas dúvidas à respeito de mudanças no comportamento social decorrentes de governos neoliberais como os últimos que tivemos, ainda que revestidos de um certo socialismo por meio de manobras populistas. Não sei bem dizer, mas resta o fato de que uruguaios comprimentam desconhecidos, dão e pedem carona nas estradas e sorriem com facilidade olhando nos olhos. Se alguém tem visto muito disso por aí, é favor corrigir-me.
 
Tranquilidade em Montevideu
Também me puseram à par de coisas semi-inacreditáveis. O presidente do país, José Mujica, abdicou de grande parte de seu salário para que seja usado em causas que acredita importantes. O palácio onde deveria morar, hoje abriga crianças como uma colônia de férias. Toda criança no país tem seu próprio computador portátil pessoal, e em escolas e praças há internet sem fio gratuita. Aqui a  educação é um direito de todos. Carros antigos convivem em paz com as novidades sobre rodas, e tudo parece ir um pouco mais devagar. A publicidade não é tão violenta e as pessoas são mais tranquilas, quase não se ouve buzinas em Montevideu. É como se não houvesse muita pressa em "crescer e desenvolver-se".Creio que haja muito mais que não sei. Mas soube que nosso presidente vinha tentando exercer influência sobre decisões deste país, e acredito que sua pupila fará semelhante. Rogo à Deus para que este povo seja suficientemente sábio para não cair neste conto.

Cervejinha com os chicos
 Mas, voltando ao nosso caminho, mais tarde encontrei-me à um bando de jovens, e foi aí que tocou-me ainda mais a doçura deste povo. É claro que como pessoas de duas décadas que são, eles se provocam e riem às custas uns dos outros. Mas parece não haver um pingo de maldade ou malicia nisso. Logicamente minhas experiências no Brasil não se devem tomar por média, mas tenho a impressão de que nosso amor e carinho é mais permeado de competição. Esses meninos se abraçam e se beijam no rosto de forma muito natural e fraterna. Me aceitaram entre eles como um velho amigo, e tem muita dificuldade em deixar-me pagar o que quer que seja, pois me dizem que sou convidado aqui! Acho que hoje, se fora cometer a "loucura"de viver novamente em uma "grande" cidade, esta seria Montevideu. E seguro que se me pusesse a viver fora do Brasil, poderia facilmente me quedar por aqui... Vejamos como será atravessar as terras de nuestros hermanos portenhos, porque por hora, o Uruguay me encanta profundamente, e tenho certa dificuldade em deixá-lo partir pedaladas atrás. Fico mais tranquilo em saber que este Uruguay viverá para sempre em mim, permeando minhas memórias como a lembrança de um possível futuro para todos.  
 
Passeando pela capital
Com os sobrinhos em Punta Ballena

4 comentários:

  1. É gostoso fazer amizades assim, encontrar pessoas boas, e as lembranças desses momentos nós carregamos com a gente. Estamos por aqui acompanhando sua caminhada primo ! boa sorte !

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  2. Grande Zela...Para alguns pode soar estranho te dizer que graças a deus vc saiu do Brasil, mas a verdade é que minha felicidade é ver que sua jornada não para. Mais ainda me encanta saber quantas pessoas boas estão por ai, e melhor é ter vc para nos contar. Brasil, Uruguay....India ta logo ali...Estou esperando o odometro.
    Forza hermano. Nandjulas

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  3. ... pontinha de inveja "boa"! ;o)
    Boa viagem!!!!!

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  4. legal ter um país vizinho tão aconchegante...
    luz no teu caminho!

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