Vez por outra, pessoa que sou, me pego pensando a respeito do que quero, sou, faço, mais comos e porquês. Sempre fica meio vago, mas pintam algumas conclusões também. Por sorte, as deixo livres para se reconcluirem caso assim desejem. Por sorte compreenda-se a lenta desistência de uns vários graus de teimosia braba.
Exemplo pratico e o pedalar. Os praticantes do esporte que encontro sempre me perguntam sobre as marcas disso ou daquilo, o funcionamento daquele outro trubisco, que roupas uso, as rotinas e os cuidados. Acabo sempre ficando meio sem resposta, assim, tipo amador em demasia, perto da vergonha de não saber tudo isso. A simples exposição de meu ponto de vista aqui pode desagradar alguns de vcs, mas ainda assim, acho que vale como exercício de proposição de idéias. Pedalar para mim e um simples meio.
Por mais agradável e saudável que seja, o ato em si de propulcionar minha bicle nunca chega a ser fim. Vejo como fins os lugares aonde chego e por onde passo vagarosamente nos quais me permito parar livremente. Ou o estado meditativo provocado pelo esforco físico repetitivo aliado as belas paisagens e uma suave brisa ou garoa.
Para mim, o momento em que o pedalar se torna um fim em si mesmo, é paradoxalmente quando este ato se desencontra de sua essência. A partir daí começam as preocupações com marcas de bicicletas, equipamentos, acessórios fru fru, vestimentas especializadas e hi tech, e toda sorte de coisas que se terminam em lenha acendendo a fogueira das vaidades. E então o que importa são quantos quilômetros se pode fazer em um mínimo de tempo, e quem é o mais veloz e musculoso, e quem tem grana pra comprar tal ou qual bike... Isso pra mim não interessa. Eu quero brincar de pedalar.
Tudo isso pra dizer de maneira bem seria, que eu acho que nós deveríamos todos brincar de viver. Esportes já foram um meio para se divertir. Desde que se tornaram fins, saiu a diversão e entrou a competição. Pra se divertir mesmo agora, há necessidade de um perdedor, que alguém se sinta mal. Fico na turma do frescobol, porque se alguém fica mal, eu também fico mal, não contente.
E no fim isso serve pra qualquer coisa. Acho que precisamos sempre estar atentos para perceber claramente em nossas vidas o que são ferramentas ou caminhos para se conseguir algo, e o que é a essência do que buscamos. Senão pessoas se tornam robôs, diversão vira guerra, vestimentas, apetrechos e outros tarecos acabam por definir quem somos. E assim terminamos por nos tornar escravos do que possuímos e desejamos. Como se mapas fossem territórios, e não representações.
Tem essa frase, nem sei de quem, que pra mim ilustra bem a confusão entre meios e fins. Ela diz:
Se as pessoas são feitas para se amar, e o dinheiro e feito para se usar,
Porque que que se estão usando as pessoas e amando o dinheiro?
Erich, você esta demonstrando um dissernimento que dificilmente se encontra hoje, dificilmente mesmo.
ResponderExcluirRealmente , as pessoas perderam a a essência da vida , sem exageros ; ficam nos seus mundinhos , isolados por suas vaidades com a estúpida desculpa de estarem à procura da felicidade , mas esquecem que felicidade é estar vivo , e na vida de verdade coisas ruins acontecem , e cabe a cada um de nos reverenciarmos cada acontecimento , sejam bons ou ruins.
A maior balela que vejo na atualidade é essa ideia , essa noção de que felicidade é só a parte tranqüila da vida , viver é tudo , inteligência é saber aproveitar todos os momentos de nossa existência , sem maquiagens ou fugas.
Quando conseguirmos nos purificar de nossa confusão , de nossos medos e ignorâncias , poderemos ser plenos humanos , porque assim , humanos é o que não somos.
Primo eu "tiro o chapeu" pra você ! lindo texto. E não desistir nunca dos seus sonhos!
ResponderExcluirabração !
Grande Zela..mais pensador que nunca, também pudera, só vc e magrela, cabeça ao vento levando pensamentos e aqueles gazes toxicos que ao menos, ficam para trás. E não se preocupe mesmo com marcas, tecnologia e afins, aposto que tem muita gente doida para pegar uma "barra forte" e sair por ai. Nadjulas
ResponderExcluirErich
ResponderExcluirvc sempre foi um bom amigo, amigo de tantas aventuras e acontecimentos, foi e voltou varias vezes , as vezes por email e as vezes por carta, tinha uma chalera, e um amigo canalha, mas depois de tanto tempo ainda lhe pergunto:
COMO VAI A VÉIA?
Cara,
ResponderExcluirgostaria muito que este seu texto fosse lido por muitos dos meus "ex-amigos", que hoje quando nos encontramos não me perguntam mais e ai as ondas, mas me perguntam e ai voce viu o preço do dolar, ou voce viu aquele empreendimento que estão lançando e blablabla...Esta cada vez mais difícil encontrar alguém que brinque com a vida. Por isso lhe dou os parabéns e que sorte a minha de poder conversar com um outro brincalhão.
Um abraço
René
Grande Erich...
ResponderExcluirTempo para reflexões é o que o selim mais tem e proporciona, a introspecção das pedaladas é fantástica com a devida canalização.
Vou te dizer que tb não sou tão chegado assim nas marcas daquilo ou disso... A diversão está no pedalar, sem dúvida, porém, minimamente temos que nos preocupar com o equipamento, afinal, ele que está nos carregando nesta brincadeira, que sinceramente, nunca vamos querer que acabe!
Não é pq somos desencanados das "grifes" das duas rodas que vamos comprar uma "zum", conhece esta relíquia? Trata-se de uma bike que rolou no litoral na década de 90. Simplesmente uma porcaria!
A qualidade das peças e equipamentos faz a diferença no rendimento do seu pedal, isso sem contar a segurança, pois não vai ser qualquer buraco que irá estourar seu pneu, entortar seu garfo... E por aí vai!
Mas concordo plenamente que há uma larga diferença entre valorizar de maneira ponderada a qualidade do equipamento e ser escravo daquilo que tentam nos impor a todo instante.
O segredo é saber permear!
Ventos a favor.
Abraço.
like!
ResponderExcluirA felicidade de um amigo é uma bençao
ResponderExcluirsorodrigo
Sera que este foi seu fim????? Cade tu tatu?
ResponderExcluirNandjulas
que texto lindo...
ResponderExcluirque lindo vc pensar assim!
orgulho...
Texto mais do que lindo, sincero, verdadeiro, de pessoa íntegra. Continue a pedalar... e a nos ensinar, pois aprender e ensinar é a mesma coisa.
ResponderExcluirÉ issmo mesmo: O importante é o caminho, ou então é "o pedalar" ... chegar à Índia é secundário, sempre se vai chegar a algum lugar.
ResponderExcluirBoa sorte! :)
Essas palavras "parou a guerra da minha mente"..."pura meditação"...muito legal tua
ResponderExcluirsacada....vc está no caminho caminhante é só
continuar a pedalar como um menino.
Que criatura linda você!!!
ResponderExcluirGente, sou tia desse menino!! Que orgulho...
Um abraço
Betina
Erich!!!
ResponderExcluir"A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original".
E, "caminhante, não há caminho, o caminho é feito ao andar"...
E, sempre deixará um pouco de si e levará um pouco de onde passou, não é mesmo???
Um super beijo no coração!!!
Falou e disse Zé! Força na peruca que o verão vem aí bombando!
ResponderExcluirSaudades